domingo, 27 de julho de 2008

A rainy night in Soho

Este é um daqueles dias em a solidão me alcança. Saber que se aproxima uma semana num qualquer quarto de hotel, à espera de passar o dia seguinte numa torre de escritórios qualquer em La Defense. Saber que aeroportos e estações de metro são sítios vazios de emoção, onde todos passam e ninguém pára pra pensar.
Passeio sozinho à chuva para refrescar a cabeça. E penso que este é um dia perigoso para pôr a rodar The Idiot ou Closer. Por isso ouço Fairytale of New York. Uma daquelas canções que me põe alegre por estar triste.
Porque também deve existir alguma beleza no fundo do poço. Só que não há luz para ver. Hoje os Pogues são a minha lanterna.
The Pogues - Fairytale Of New York (1987)
The Pogues - Sally McLennane (1985)
The Pogues - A Pair Of Brown Eyes (1985)

terça-feira, 22 de julho de 2008

Post silencioso

Atravesso a rua para o sítio onde trabalho, pego na caneta, espero. Chamo caneta a uma esferográfica vulgar, qualquer que risque me serve.
Terá sido a esferográfica que me riscou a testa com o tempo? Porque não voltas atrás e vês o que ficou escrito nela? Retratos, livros, papéis, eu a começar.
O telefone soluça como um bebé e, dentro de mim, o teu nome. Vozes de crianças por trás e tudo de súbito fácil, perfeito. Não sei bem o que digo, não sei bem o que oiço. Limito-me a afogar-me em ti como no mar.

António Lobo Antunes

PS: O apartamento onde vou viver em Lisboa foi onde morou Vitorino Nemésio, poeta e escritor, autor de Mau Tempo No Canal. Não é o fantasma de Arthur Lee ou Jimmi Hendrix, que de certo me fariam mais companhia mas para começar não está mal.

domingo, 20 de julho de 2008

There and back again.

Foi uma semana boa. Cheia de novas pessoas e novos lugares. Quase tão bom como voltar e vêr as pessoas de quem se gosta. Alguns olás de ocasião, um copo para matar saudades que ainda não existem. Outro para compôr o coração e a cabeça.
Agora tá na altura de voltar. E deixar tudo para trás. Outraz vez e outra vez. Até que não haja quase nada para deixar aqui. Nem para encontrar do lado de lá.

Jim James (My Morning Jacket) & Calexico - Goin' To Acapulco (original de Dylan, 2007)

E estar contigo foi como sentir que se calhar nos estavamos a despedir. Ou a apaixonar. Foi isso? Escolhe uma:
Jeff Buckley - I know it's over (original dos Smiths, 200?)
Death Cab For Cutie - I Will Follow You Into The Dark (Itunes Originals, 2007)

"And when i climb into an empty bed. Well... enough said. I know it's over. Still i cling."

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Ponto (quase) final

Está na hora da mudança para a capital. Como já disse antes: A new a career in a new town. Durante algum tempo não vai haver posts, nem musica. Talvez até volte com um blog novo. Título já existe.
Como ponto (quase) final deixo-vos ficar com cinco musicas absolutamente imprescindíveis. Escolhas óbvias e sem grandes surpresas. Assim espero.
Bob Dylan: Like a rolling stone (1965). A minha obsessão por Dylan começou há 12/13 anos. E ainda continuo, diáriamente, a tentar assimilar a sua obra. Como quem lê a Bíblia todos os dias. Há tantos períodos diferentes, tantas sonoridades, que acho que podia passar a vida toda a ouvi-lo. E é isso que faço.
Joy Division: Love will tear us appart (1980). O meu irmão é que me mostrou os Joy Division. Aliás foi ele que criou as bases para eu poder conhecer, e gostar, de toda a música que ouço hoje. Doors... Pistols... Bauhaus... Clash... Lou Reed... a Rádio Cultura nos anos 80... A partir daí podia ouvir tudo. E foi um pouco o que fiz.
David Bowie: Ziggy Stardust (1972). A primeira musica de Bowie de que lembro é Blue Jean e do teledisco, hoje um pouco patético, dele no palco com o holofote. Tinha 8 ou 9 anos talvez? Em 91 comprei um colectânea de Bowie num aeroporto na Bélgica. Trazia todos os clássicos e foi o início de um casamento. Gostei logo do período glam. E mais tarde dos discos de Berlim.
Beach Boys - God only knows (1966). O meu amigo Ricardo tinha uma colectânea dos Beach Boys em vinil. Tinhamos 12 anos talvez. É claro que a musica do surf, dos carros e das miúdas era apelativa. Mais tarde comprei Pet Sounds. Um daqueles discos que aparece no top 10 em todas as listas dos melhores de sempre. É um monumento à escrita e à produção musical. Fez os Beatles escreverem Sgt Peppers.
Adriano Correia de Oliveira - Canção com lágrimas (1970). O meu pai fazia-nos ouvir penosas sessões de fado de Coimbra nas longas viagens para a Régua. No tempo em que demorava 3 ou 4 horas a passar as intermináveis curvas do Marão. Nunca liguei muito à musica mas algo deve ter ficado. A verdade é que enquanto andei na faculdade me embrenhei bastante no fado e seguidamente nas baladas e na canção de intervenção. As obras de Adriano e Zeca são da melhor musica portuguesa de sempre. Mas, neste mundo politicamente correcto, é sempre mais fácil, e conveniente, glorificar pessoas sem opiniões e sem ideologia. Vide as Amálias e Eusébios deste mundo...
Isto é um pouco da minha história. Esta, ou outra diferente, segue dentro de momentos. Até já.

terça-feira, 8 de julho de 2008

A midsummer night's dream (parte II)

Banda sonora do sonho de um novo encontro. Sempre adiado. Mas desejado em segredo. Por ti também.

Kings of Convenience - I'd rather dance with you (2004)
Grant Lee Philips - Flaming' Shoe (2002)
Flaming Lips - Do you realize? (2002)

"Do You Realize? That you have the most beautiful face.
Do You Realize? We're floating in space.
And instead of saying all of your goodbyes
Let them know you realize that life goes fast."

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Sound of silver talk to me

makes you want to feel like a teenager
until you remember the feelings of
a real life emotion of teenager
then you think again

Aquele concerto dos LCD Soundsystem na Casa da Música foi inesquecível. Ainda tenho o alinhamento e o bilhete guardado numa qualquer compilação da DFA.
Hoje ficam aqui duas covers muito bem conseguidas. Uma do semideus John Cale com All my friends e uma versão dos LCD Soundsystem para No love lost dos Joy Division. E, enquanto fujo para não me cair o céu em cima da cabeça, digo que esta ultima consegue ser melhor que o original.
Só para não ficar com a ideia que apenas falo de musica relativamente antiga (referências aos Joy Division e aos Velvet Underground são um lugar-comum), deixo também os MGMT (management para os amigos). Electric Feel é um single que se estranha, entranha e dança. Lembra os Chic mas ninguém se importa.

LCD Soundsystem - No Love Lost (original dos Joy Division, 2007)
John Cale - All my friends (original dos LCD Soundsystem, 2007)
MGMT - Electric Feel (2008)
PS: Sim, ainda guardo remorsos de não ter comprado este single em Londres o ano passado. Aliás, havia dois, um outro com a versão dos Franz Ferdinand. Mas a de Cale é melhor.

domingo, 6 de julho de 2008

Just what is it that you want to do?

We wanna be free
We wanna be free to do what we wanna do
And we wanna get loaded

Os Primal Scream sempre foram um grupo dicotómico na sua produção musical. Por um lado fazem discos de base rock e techno/dance/psicadélica veja-se o imprescindível Screamadelica, Vanishing Point (título baseado numa canção dos New Order) e o genial XTRMNTR . Por outro, tentam determinadamente regravar Exile on main street, com resultados menos bons, veja-se Give Out But Don't Give Up e o último, Riot City Blues.
Neste novo disco a editar em 2008, Beautiful Future, tentam conciliar estas duas facetas de personalidade. Os resultados são bons e quase o conseguem. Não só porque vão buscar o swagger das influências rock dos 70's, como aproveitam a batida dançável dos seus melhores momentos. Não será certamente um sucesso internacional mas é uma boa forma de continuar a construção de um grande percurso musical, já de si bastante acidentado.

Primal Scream - Beautiful future
Primal Scream - Can't go back
Primal Scream - The glory of love
Estas músicas são apenas promos, daí o fader lá para o fim de cada canção. Se querem mesmo, comprem quando sair!

sexta-feira, 4 de julho de 2008

A midsummer night's dream

Não sei o que Shakespeare tinha em mente, nem ao certo se ele existiu, mas se houvesse uma banda sonora seria certamente como a nossa... Uma noite de sonho. Mesmo.

Cat Power - The Greatest (2006)
Nick Cave - Into my arms (1997)
Marvin Gaye - Let's get it on (1973)

terça-feira, 1 de julho de 2008

Tom Waits já foi a Fátima

Por isso todos podemos ir lá e prestar-lhe devoção. Uma entrevista genial em que ele coloca e responde a todas as questões.
Q: What remarkable things have you found in unexpected places?
6. Most gift shops: Fatima, Portugal.
Tom Waits é unico. O resto é conversa. A entrevista completa. Aqui.
Tom Waits - Blind Love (1985)

In the time of chimpanzees I was a monkey.

Desde Looser que Beck é uma referência incontornável da musica americana. Este novo disco, do qual já existem três musicas disponíveis na net, mostra um Beck com alusões à sonoridade psicadélica dos anos 60 e deixa no ar a ideia de que Modern Guilt pode bem ser um dos discos do ano.
A mão de Danger Mouse (Gnarls Barkley, Gorillaz, Black Keys entre outros) vem dar novas dimensões ao som de Beck, sem tocar no estilo próprio que vem da anterior discografia. Mais uma produção soberba.
Pena a tour de Beck só vir uma vez este ano a Portugal, seria um espectáculo a não perder de nenhuma forma.

Beck - Orphans
Beck - Gamma Ray (LINK CORRIGIDO!!!)
Beck - Chemtrails (tudo de Modern Guilt a sair em Julho)
BONUS: The Jimi Hendrix Experience - May This Be Love (1967)
"Waterfall
Dont ever change your ways
Fall with me for a million days
Oh, my waterfall"