segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Dazed and confused

... é este título dos Led Zeppelin que melhor se aplica aos conturbados mercados financeiros actuais. Mas esta não é a banda sonora de hoje.
Os Psychedelic Furs são uma banda que, de uma forma inteligente e inspirada, vendeu o pop à geração Joy Division. Como os Bauhaus venderam o gótico. Parece pior do que é. Porque se alguns sintetizadores, e metais, efectivamente datam a música aos idos anos 80, as canções ficam sempre. Heaven chegou em 84. Tinha 8 anos e esta melodia nunca me saiu da cabeça.
Psychedelic Furs - Heaven (Mirror Moves, 1984)

domingo, 28 de setembro de 2008

O Diabo, o Daniel e Eu

Ontem continuei a minha senda por entre documentários sobre génios da música actual. Daniel Johnston não é um nome de trazer por casa. É um prodígio musical, hiperactivo, maníaco e com uma obsessão compulsiva pelo perigo do Diabo, pela morte, por uma miúda que conhece na universidade e pelos Beatles. Nesta ordem.
O documentário The Devil and Daniel Johnston retrata uma vida guiada pela vontade de vingar no mundo musical, armado apenas com uma originalidade musical extraordinária. Pelo meio granjeando fãs como os Sonic Youth, Tom Waits, Kurt Cobain e Beck.
Que quase toda a sua obra tenha sido gravada em cassetes, distribuídas de mão-em-mão como se fossem o evangelho, parece ser o menos estranho no meio disto tudo.
Daniel é um louco. Uma loucura que também partilho em certas alturas. O isolamento, o enfado do quotidiano e a alienação do mundo real levam-no a isso. A mim também. Só que eu não sou talentoso. E sempre achei alguma piada ao Diabo, claro.
Daniel Johnston - Devil Town (?)
Daniel Johnston - Casper (Kids OST, 1995)

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Os pós modernos

Ontem voltava a casa do Bairro Alto e dou de caras com Rui Reininho. Não sabia andar de metro e pediu-me indicações para o Cais do Sodré (olha a quem!). A minha amiga estrangeira não o conhecia. Tentei descrevê-lo em poucas palavras. Não sendo um erodito, só me saiu isto: "O Rui é a Amália dos anos 80". OK, 80 é redutor mas foi o que saiu. Acho que ele não gostou muito.
Perguntei onde ia: "Vou ter com uns amigos, o Flak...". "É pá, leva-me contigo", pensei. Mas não. Optei por discutir as covers que ele tocou na Casa da Música há uns meses. É mais fácil tentar mostrar o meu lado de enciclopédia musical e ocultar o meu lado fã.
"Gravei agora um disco com esses músicos", disse ele. Espero por isso. Chegado a casa apetecia-me ouvir a minha cópia de Psicopátria em vinil (que, infelizmente, está dentro de uma das caixas de discos que descansam sozinhas no meu apartamento do Porto). Em vez disso afundei-me em Meat is Murder. Acho que há algo de Morrisey na forma como o Rui canta, ou cantava. A mesma ironia nas letras, mas diferente - mais abstrata.
Ainda há referências na música portuguesa. E ainda havia óbvios sinais dos pós modernos nos olhos brilhantes e abertos do Rui de ontem à noite.
PS: Música para este post segue dentro de momentos

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Your love goes straight to my head like the first cigarette of the day

Uma cover. Primeiro subliminar e depois sublime. Como tudo o que Chan faz.

Cat Power - Wonderwall (radio session, 2008)

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Os amigos de Gaspar

Falta cerca de meia hora para ser anunciado o Mercury Prize Award. O prémio que distingue o melhor album do ano por uma artista inglês. Este ano Radiohead (In Rainbows), Burial (Untrue) e Elbow (The Seldom Seen Kid) são favoritos.
Estava agora a ouvir os Last Shadow Puppets, também nomeados, e a pensar que, não fora a sombra dos Arctic Monkeys a pairar sobre a atenção dada a este duo, seria certamente um clássico da música inglesa. Não teria vergonha de se sentar à mesa com Hunky Dory. Ou com Strangeways, Here We Come. That good!
The Last Shadow Puppets - Time Has Come Again (The Age Of The Understatement, 2008)
(cerca de 30 minutos mais tarde... os Elbow são premiados. Hélas!)
Elbow - Grounds For Divorce (The Seldom Seen Kid, 2008)

O monstro precisa de amigos

Nunca estive muito na onda dos Metallica. O mais perto que estive foi na primeira metade dos anos 90 com os Soundgarden. Seriam heavy metal? Quase. Se bem que o termo foi usado originalmente para descrever a musica de Jimi Hendrix.
Tudo para dizer que preenchi uma lacuna grave e assisti a Some Kind Of Monster. O documentário/reality show protagonizado pela banda. Fiquei admirado pela crueza com que tudo é mostrado. Desde os conflitos de ego, ao terapeuta controlador, até às lágrimas de Dave Mustaine por ter sido despedido nos anos 80. Esta última cena principalmente.
Que aquele período tão conturbado tenha dado um álbum, parece-me um milagre. Verdade seja dita, foi mais um produto de Bob Rock do que do colectivo. Pena ter sido tão mau. Dos piores momentos saem muitas vezes as melhores obras-primas (please insert Closer reference here).
Juntamente com Dig! que descreve de forma muito interessante a relação credibilidade/fama ao mesmo tempo que mostra toda a insanidade de Anton Newcombe, e com I Am Trying To Break Your Heart, que aborda a influência da heroína nos Wilco e na sua música, estes documentários servem como uma trilogia indispensável para quem quer saber algo mais de música. Obrigatórios. Torrents a funcionar, já!

The Brian Jonestown Massacre - You Look Great When I'm Fucked Up (And This Is Our Music, 2003)
Jeff Tweedy - I Am Trying To Break Your Heart (bootleg acústica, 2006)
OK, recuso a hipótese de colocar Metallica aqui.

domingo, 7 de setembro de 2008

Good to be back

Já vai algum (muito) tempo sem escrever. Nem sei se a minha conta do hotlink ainda funciona. It's good to be back. Depois de passagens por Paris e Madrid e o assentar de arraial definitivo em Lisboa. Não há tempo. Nem disposição, admito.
Hoje trago um pouco de Pete Doherty. Mal amado pela cena musical fora da GB, e mais conhecido por aparecer nos tablóides, frequentemente drogado. Parece ser um daqueles músicos destinados a viver tudo a 300km/h e morrer cedo. Amy Winehouse também está na corrida.
A sua carreira é feita de tantos altos (Up The Bracket e Shotter's Nation) e baixos (Down in Albion) que mais parece uma pequena montanha russa. Estas demos acústicas parecem trazer alguma esperança a quem admira, como eu, o seu estilo de escrita musical. Referências a Kinks e Smiths chegam e sobram para mim. Para ouvir com atenção.


Pete Doherty - Crumb begging baghead (das Stookie + Jim Demos, 2007)
Pete Doherty - Unstookietitled (das Stookie + Jim Demos, 2007)
Pete Doherty - Delivery (das Stookie + Jim Demos, 2007)

PS: Eu tenho a sessão toda para quem quiser... Neste momento ouve-se Amnesiac dos Radiohead. Versão vinil de 10". Esse e Kid A. Fica a faltar Pablo Honey nesta discografia obrigatória. Havia na loja. Mas seria como trazer um pouco de arbusto enquanto que se carregam dois pinheiros centenários...