domingo, 12 de julho de 2009

"White people guitar music. It fucking sucks and I hate it.”

É assim que Christopher R. Weingarten se refere aos Fleet Foxes. O homem é critico de musica para a rollingstone.com e acha que vai perder o emprego. A sua intervenção numa conferência do Twitter é muito interessante para quem consome musica.
O ponto que Chris faz é um pouco diferente do habitual, e faz sentido. A Internet é útil porque permite ao consumidor de musica um acesso ilimitado à musica que gosta. Mas ao construir comunidades fechadas que discutem a musica de forma também fechada, acaba por limitar a exposição a outras coisas que estão a acontecer.
Quando punha musica no escritório onde trabalhava no Porto, submetia os meus colegas a sessões que incluiam artistas que nunca ouviriam na rádio, leia-se Vampire Weekend, Rufus Wainwright, TV on the Radio, os primeiros mp3s dos Fleet Foxes e por aí fora. É claro que muitas das vezes a reacção inicial não era a mais favorável, mas rapidamente percebia que as pessoas podiam descobrir, e apreciar, musica que de outra forma nunca chegariam a ouvir.
Se nos ficamos pela nossa zona de conforto estamos a limitar a nossa capacidade de descoberta. É como se nos tivéssemos ficado pelo caminho terrestre para India - nunca teriamos descoberto a América. A musica funciona assim. Se há coisa que me dá algum prazer é descobrir uma banda original e diferente.
E concordo com o Chris num ponto fundamental da sua intervenção: "a multidão tem um péssimo gosto musical". É verdade. O problema é que a Internet faz com que vivamos todos no meio de várias multidões. E esse é um problema que não tem solução.
PS: Esta semana escrevi no meu Facebook que ia esperar pelo vinil dos Dead Weather. O disco está disponível num dos variados blogs que frequento. Mas, tendo lido todo o trabalho que Jack White põe em cada disco que lança, na sua editora e na sua loja de musica em Nashville, acredito que uma obra de arte é qualquer coisa que devemos apreciar e não consumir. E um disco é uma obra de arte, mais do que entretenimento. Não é uma mania por ser o gajo fanático por vinil. É optar por ver a Mona Lisa no Louvre em vez de sacar um jpeg do Google.

1 comentário:

Pablo disse...

Interessante a comparação entre a Mona Lisa e o disco de vinil.